Fisioterapia: além da reabilitação física

Não podemos separar o corpo da mente. Somos um todo, formados por várias partes que são muito bem integradas, por isso, uma tem influência na outra. A preocupação com altura, por exemplo, quando mais alta que todas as colegas da mesma idade, pode causar alteração na postura. Pacientes tristes e desanimados podem ter mudanças na postura e diminuição de força muscular. Uma dor crônica na articulação do joelho pode causar irritabilidade ou sintomas de depressão.

Crianças e adolescentes com câncer são submetidos a um tratamento longo, agressivo e muitas vezes ficam afastados do convívio familiar. Em alguns casos, ficam mais de um mês sem ir na sua própria casa. Por isso, o fisioterapeuta deve estar atento aos sinais e sintomas de doenças mentais e atuar na promoção de saúde, como também na reabilitação.

A fisioterapia tem um impacto tanto no bem estar físico como mental de pacientes com diagnóstico de câncer. Várias estratégias são utilizadas para controle dos sintomas, podendo reduzir a ansiedade e depressão. A fisioterapia também contribui para o paciente se sentir capaz e realizar as atividades de sua rotina com mais confiança.

Quando falamos da atuação da fisioterapia em saúde mental, devemos ter em mente a importância da restauração da integridade física, social e emocional, sem que isso esteja separado da reabilitação da capacidade funcional do paciente.

Outro ponto importante é o atendimento realizado por uma equipe multidisciplinar, em que os profissionais atuem de forma integrada. Há alguns dias, uma adolescente com desvio postural procurou o serviço de fisioterapia na Casa Durval Paiva. A mãe estava preocupada percebendo o a filha “torta”. Foi feito o exame físico, mas uma conversa permitiu um desabafo. A adolescente não se sentia à vontade com sua altura, nem com o tamanho das mamas. Por isso, adotava uma postura inadequada. A paciente foi acolhida, orientada e, como tinha iniciado tratamento no setor de psicologia, foi encorajada a levar essas questões para terapia.

Outra situação em que precisamos perceber o comportamento do paciente: ele chegou ao setor agitado, sem concentração nos exercícios que precisavam ser executados e questionava o tempo sobre a cirurgia e como seria. Antes de iniciar os exercícios terapêuticos, para melhora da mobilidade e força muscular, foi feito um exercício respiratório para melhora da ansiedade. Com tranquilidade, o paciente conseguiu realizar os exercícios.

É possível ter qualidade de vida e bem estar durante o tratamento contra o câncer. Em todos os aspectos. No todo. 

Por Cinthia Moreno - Fisioterapeuta Casa Durval Paiva - CREFITO 83476-F

Artigos Relacionados