Até onde eu posso me envolver, como pessoa e profissional de enfermagem, e o paciente com câncer infantil

É um tema difícil, até por que, todo tema que envolve sentimentos, é difícil de falar e explicitar em palavras. Será que consigo separar o eu pessoal e o eu profissional, quando se trata de câncer e, ainda por cima, infantil. A única certeza que quando ele bate à sua porta, perdemos o chão.

Acho que todas as dúvidas de medo, incerteza, angústia, esperança, insegurança, fé, lutas e glória ficam todos misturados, faltando assim o discernimento para as tomadas de decisões. Decisão essa, que tem que partir dos responsáveis pelos pacientes, através de orientações do profissional médico e eu, como enfermeira, até onde posso intervir e, se posso intervir ou orientar? Onde fica a minha cautela e discernimento para saber colocar as palavras certas, no momento certo, separar a razão da emoção, se envolver um pouco ou por completo, confortar e acolher, estender a mão a quem tanto precisa.

Eu, a enfermeira preciso ir além disso, é necessário separar o joio do trigo, saber que o câncer é uma doença maligna, mas que existe cura, se tiver um diagnóstico precoce. Contudo, por outro lado, é necessário entender, acolher, confortar essa família e esse paciente, diante de um momento tão difícil, mostrando que nenhuma dor é eterna e que tudo na vida existe um propósito. Mesmo que os percalços possam surgir, existe sempre um novo amanhã.

Apenas, sei que é necessário o equilibro, que ninguém vive sozinho, precisamos do outro, como forma de amadurecimento e troca de experiencias, se doar sim, mas entender que tudo tem um limite e que o meu termina, quando inicia o seu, como a caridade e o amor ao próximo nunca deve deixar de existir, unindo ao profissionalismo que a enfermagem pode dar.

Será que serei apenas profissional? Ou a minha emoção tomará conta de mim? Como devo agir? Na imparcialidade?

De uma coisa tenho certeza, sempre haverá duvidas, o pessoal e o profissional andarão juntos, cabe a nós saber dosá-los. São sentimentos que estão intrínsecos no nosso SER.

Por Rilvana Campos Câmara - Diagnóstico Precoce Casa Durval Paiva - Coren – RN 223.574 - ENF

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