Qualidade de vida relacionada à saúde bucal em paciente oncológicos

O ato de comer vai além das necessidades básicas de alimentação. Se reunir para comer é um ato social em que, muitas vezes, compartilhamos acontecimentos, comemoramos um evento, e interagirmos uns com os outros, nos proporcionando momentos de bem estar. É sabido que, saúde é definido como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas como a ausência de doença ou enfermidade, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Visando o bem estar e diminuição dos desconfortos inerentes ao tratamento oncológico, o acompanhamento de cirurgião dentista especializado é de suma importância para proporcionar uma qualidade de vida relacionada à saúde bucal destes pacientes.

Pacientes acometidos por neoplasias malignas, independentemente do órgão acometido, podem apresentar alterações na cavidade oral e nos dentes, decorrentes não só da doença, mas também dos tratamentos quimioterápicos e/ou radioterápicos. Algumas dessas manifestações podem, por exemplo, dificultar ou até mesmo impedir a ingestão de líquidos e de alimentos.

Dentre elas, as alterações orais mais frequentes são: Disgeusia – perda de paladar, comumente é o primeiro sintoma apresentado, ocorre devido à atrofia das papilas gustativas, que podem estar associadas à redução do fluxo salivar; Mucosite oral – consiste no dano ao epitélio que reveste a cavidade oral, caracteriza-se por vermelhidão e até ulcerações (feridas) que aparecem em graus variados; Xerostomia – outra alteração de glândula salivar, que consiste na sensação de boca seca, se dá pela disfunção das glândulas salivares; Trismo – considerado uma sequela de aparecimento tardio; causado pela exposição à radiação ionizante dos músculos masseter, temporal, pterigoides medial e lateral e da cápsula articular, levando o tecido à fibrose; Cárie por radiação – ocorre em pacientes que realizam tratamento de câncer de cabeça e pescoço; ocorre de maneira generalizada e agressiva, devido às mudanças na quantidade da saliva e seus constituintes e Osteorradionecrose – efeito adverso agressivo, onde há uma exposição de osso desvitalizado, através de uma abertura na pele ou mucosa.

Neste contexto, o acompanhamento odontológico se dá em 3 momentos: o atendimento prévio ao início do tratamento, quando possível; durante o tratamento e após o tratamento, para acompanhamento.

De uma maneira geral, em todos os momentos se busca eliminar ou reduzir as doenças bucais preexistentes e, também, os focos infecciosos, tendo em vista que estes pacientes terão seu sistema imunológico suprimido, portanto, se tornam mais susceptíveis às infecções oportunistas. A higiene oral inadequada e doenças dentárias pré-existentes são os fatores de risco bucais mais comuns, para complicações orais advindas do tratamento oncológico.

Assim, a educação em saúde, relacionada a saúde bucal, orientações de cuidados bucais, diagnóstico precoce das alterações bucais, decorrente do tratamento oncológico, permitem intervenções mais efetivas, que refletirão não só na saúde bucal mais também na saúde sistêmica, na qualidade de vida e, em alguns casos, na sobrevida deste paciente. 

Na Casa Durval Paiva, todos os pacientes cadastrados e seus familiares têm assistência odontológica em todas as fases do tratamento: investigação, diagnóstico, tratamento oncológico e acompanhamento até receberem alta médica. Permitindo assim a diminuição de intercorrências relacionadas à saúde bucal e, consequentemente, não afetando o ato de comer, se alimentar.

Por Karina Sousa - Dentista Casa Durval Paiva - CRO 3145/RN

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