O papel do psico-oncologista na equipe multidisciplinar - 2012

 

Mesmo com todo avanço técnico-científico voltado para a cura e tratamento do câncer, as estatísticas indicam que a mortalidade e o número de vítimas dessa doença estão cada vez mais preocupantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o câncer como um problema de saúde pública, atingindo pessoas de todas as idades e de todos os continentes, destacando-se como a segunda causa de morte por doença em todo o mundo, responsável por seis milhões de óbitos anuais (INCA, 2000).

Desta forma, quando o paciente e seus familiares recebem a confirmação de um diagnóstico de câncer, logo se remetem à morte, dor, sofrimento, degradação e/ou falta de qualidade de vida. Contudo, essa nova e difícil realidade pode ser atenuada e resignificada por profissionais preparados para lidar com estas questões e capazes de identificar as necessidades e possibilidades terapêuticas de cada indivíduo. A intervenção de uma equipe multidisciplinar é essencial para o paciente, que precisa ser compreendido como um todo, pois quando a pessoa adoece, não é apenas o corpo que é atingido, mas também todas as dimensões humanas.

O trabalho interativo entre todos os profissionais que lidam com o paciente, acontece na equipe multidisciplinar da Casa Durval Paiva, buscando trocas de saberes específicos de forma a desenvolverem uma ação qualificada, humanizada, holística e acolhedora. É competência da equipe, trabalhar para que a doença interfira o mínimo possível no desenvolvimento da criança ou adolescente, visando o resgate da vida psicossocial.

A Psico-Oncologia é uma ciência com especialidade dentro da Psicologia da Saúde, que busca manter o bem-estar psicológico do paciente, identificando e compreendendo os fatores emocionais que intervêm na sua saúde.O setor de psicologia da Casa, além da atuação preventiva, trabalha as reações emocionais do câncer e tratamentos relacionados, contemplando as influências psicológicas e ambientais no desenvolvimento, tratamento e cura ou terminalidade, favorecendo o enfrentamento e um novo olhar sobre a doença, incluindo situações estressantes em que pacientes, familiares e profissionais estejam envolvidos. Incentiva o paciente a participar de maneira mais ativa e positiva do tratamento e das terapias oferecidas na Instituição, além de facilitar o diálogo e a compreensão entre familiares e equipe profissional.

A Psico-Oncologia também reconhece a necessidade de acolhimento aos profissionais que lidam diretamente com o paciente oncológico, uma vez que esses ficam cada vez mais envolvidos e expostos às experiências de sofrimento dos pacientes e familiares, onde há um contato íntimo e frequente com a dor, a angústia e a morte (ou perspectiva de morte). Em vista disso, cabe ao psicólogo assistir a todos os colaboradores da instituição, seja ele profissional de saúde ou de outra área propiciar a comunicação entre eles e o portador do câncer, oferecer um espaço de escuta e orientá-los a respeito de questões que geram angústia e dúvida.

Pensando no contexto vivenciado pelos pacientes oncológicos infanto juvenis é importante que se tenha clareza das etapas e significados contidos nesse momento, para ajudá-los a superá-los e experienciá-los da melhor maneira possível, reconhecendo que cada caso precisa ser observado singularmente. Com relação à equipe, é importante possibilitar caminhos que levem a enfrentar o problema de forma positiva, com segurança, confiança, vontade de vencer e paciência, enfim, uma série de necessidades que podem ser supridas quando contamos com um apoio psicológico adequado.

O foco da intervenção em Psico-Oncologia, portanto, deve ir além da enfermidade em si, almejando a interação positiva entre pacientes, familiares e a equipe integrada.

Por Sylvana Roberta Botelho Miranda - Psicóloga da Casa Durval Paiva

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