Fisioterapia para alívio da dor

Há pouco mais de um ano, no início de 2020, a definição de dor foi revisada pela Associação Internacional para o Estudo da Dor: “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. A dor é uma experiência pessoal, que é influenciada por fatores biológicos, psicológicos, sociais e seu conceito é aprendido através de nossas experiências de vida. Estes são alguns dos fatores para que o relato de uma pessoa seja respeitado e ela tenha o direito de acesso a um tratamento correto.

A dor está presente em vários estágios do câncer, sendo observada no momento do diagnóstico e, em cerca de 70% a 90% dos pacientes, em estágios avançados, podendo causar prejuízos funcionais, comprometer o bem estar social e também psicológico. Crianças pequenas ou com comprometimento na linguagem, com incapacidade de comunicação, não conseguem descrever a dor, mas isso não as invalidam de senti-la, por isso, é tão importante perceber e avaliar suas expressões, comportamento e posturas.

A dor pode ser avaliada através do relato da sensação do paciente e de instrumentos (questionários) e escalas. Ou seja, podemos “medir” a dor do paciente e ver como ela se comporta, diante da conduta terapêutica. A escala numérica é utilizada para mensurar a intensidade da dor, que varia de 0 a 10, onde o 0 corresponde a ausência de dor e 10 a uma dor intensa, insuportável. Para crianças pequenas, pode-se utilizar uma escala com expressões faciais, para que ela identifique a expressão que melhor lhe representa, quando está com dor.

O fisioterapeuta que cuida da reabilitação de crianças com câncer, como realizado na Casa Durval Paiva, pode utilizar alguns recursos terapêuticos, para controlar e promover diminuição da dor. A eletroterapia é uma das modalidades utilizadas para reduzir a dor. Uma corrente elétrica, através de eletrodos que são aplicados diretamente na pele, consegue impedir que as mensagens de dor sejam transmitidas ao cérebro ou ativa o sistema supressor da dor, produzindo uma sensação que interfere na sua percepção. O alívio pode durar algumas horas e pode ainda reduzir a quantidade de analgésicos e, consequentemente, seus efeitos colaterais.

Outra modalidade utilizada é a aplicação local de calor ou frio (compressas de gelo). O calor aumenta o fluxo sanguíneo e relaxa a musculatura, mas não deve ser usado diretamente sobre a área do tumor. Já o frio diminui o fluxo sanguíneo, o inchaço e reduz a velocidade de condução do nervo, que leva os estímulos de dor ao cérebro.

Técnicas de massagem podem ser utilizadas para promover relaxamento muscular e conforto, potencializando os efeitos analgésicos. Estudos sugerem que a massagem também pode trazer benefícios no humor.

Pacientes que ficam muito tempo acamados, também, podem experimentar a diminuição da dor através de movimentos que proporcionam a mobilidade, a flexibilidade muscular, o aumento da força muscular e a resistência à fadiga.

Todos os recursos para diminuir a dor são utilizados nos cuidados paliativos, onde o objetivo principal é promover alívio do sofrimento, conforto e qualidade de vida. Vale ressaltar que a escolha do recurso deve ser individualizada, considerando as características e condições de cada paciente.

O paciente e os responsáveis devem ser orientados, quanto às medidas preventivas, para que não tenham piora do quadro doloroso, assim, eles contribuem de forma ativa no controle da dor e no tratamento de reabilitação.

Por Cinthia Moreno - Fisioterapeuta Casa Durval Paiva - CREFITO 83476-F

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