Liberdade cerceada: desafios do tratamento oncológico na adolescência

 A adolescência é uma fase repleta de mudanças, novidades e adaptações, afinal é o momento em que estamos saindo da infância, descobrindo e adentrando na fase adulta, com suas inúmeras responsabilidades. Trata-se de um momento diverso, que muitos de nós passamos e outros ainda irão passar, com maiores ou menores dificuldades de adequação.

É nesse período que muitos adolescentes começam a vivenciar uma “liberdade” que não tinham na infância, podemos destacar: o prazer de sair sozinhos com os amigos, as primeiras viagens, os namoros, as experiências sexuais e responsabilidades diversas. Esse é um momento de descobertas e de transformações biológicas também, o corpo passa por diferentes alterações, tudo é novo.

Imagine só receber a notícia de um câncer nessa fase da vida. Saber que será necessário no mínimo seis meses intensos de tratamento, com internações e quimioterapias. Que vai ser necessário ficar em casa, sem festas. Ter que ficar longe da escola, dos colegas, do namorado (a). Que o cabelo vai cair e que vai perder ou ganhar mais peso. E até mesmo a dúvida sobre a finitude da vida. Já pensou como deve ser difícil essa situação? Pois essas são as inúmeras situações vivenciadas por nossos adolescentes.

Ao longo de 25 anos já acompanhamos de perto na Casa Durval Paiva várias histórias de adolescentes que tiveram sua liberdade cerceada pelo câncer, mesmo que temporariamente. É válido salientar que nessas histórias existem semelhanças, mas também disparidades. Cada indivíduo reage de uma forma diferenciada, partindo de sua singularidade, dentro de cada núcleo familiar com sua conjuntura, ou seja, cada um dentro da sua particularidade.

O que mais nos chama a atenção é a dificuldade de alguns em aderirem ao tratamento, pois, não é fácil ter que tomar tantas medicações, lidar com os enjoos constantes, ver seu corpo mudar de uma hora para outra, ter que ficar longe de casa e de tudo que era tão próximo. Não é só uma questão de auto estima, é algo maior. Trata-se de mais insegurança e medo numa fase já tão complicada e adversa da vida.

Nesse momento, o apoio e o suporte oferecidos pela equipe multidisciplinar da instituição são fundamentais para acolher e atender às diversas demandas que esses pacientes e suas famílias trazem, buscando sempre oferecer as melhores condições para o seu enfrentamento.

Por Keillha Israely Assistente Social – CRESS/RN 3592

Artigos Relacionados