A importância das atividades adaptadas na classe hospitalar

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil e no mundo, o câncer já representa a primeira causa de morte por doença, entre crianças e adolescentes, de 01 a 19 anos. Geralmente, os sintomas, relacionados às doenças comuns da infância, levam esse público a alcançar o diagnóstico e o tratamento, de forma tardia. Fator que dificulta a possibilidade de cura.

O fato é que a doença não escolhe a quem vai acometer e pode deixar sequelas relevantes ou até irreversíveis, em diversas áreas do paciente, como:

  • Psicológica: a doença em si e todo seu processo de tratamento é bastante invasivo, descaracterizando a identidade do paciente, como perda de cabelo e edemas, isso implica, consideravelmente, no emocional do indivíduo;
  • Cognitiva: devido ao uso prolongado de quimioterápicos e outros medicamentos, bem como, as várias sessões de radioterapias. Percebe-se o déficit de aprendizagem, além de dificuldades para se concentrar e lentidão para raciocinar;
  • Física: cânceres como retinoblastoma (pode levar a perda da visão) e osteosarcoma (pode ocasionar amputação de membros superiores ou inferiores), os tornam dependentes de moletas e cadeira de rodas.

Na Casa Durval Paiva, tanto na classe hospitalar, como na domiciliar, os professores se reinventam, para realizar atendimentos a estes alunos, que tiveram algum comprometimento, causado pelo câncer, adaptando móveis e até construindo, artesanalmente, o material didático, que será utilizado na explanação dos conteúdos.

Um exemplo a ser compartilhado é da aluna “T”, que nasceu com uma doença genética rara e hereditária. Caracterizada pela hipersensibilidade da pele aos raios UV do sol, resultando em pele seca e presença de inúmeras sardas e manchas brancas espalhadas pelo corpo. Ela perdeu a visão e segue em tratamento, para preservação do outro olho.

A primeira vez que esteve em sala de aula, apresentava dificuldade de locomoção, esbarrando nos móveis, pois não estava adaptada à nova condição, com a necessidade de utilizar o tato para explorar o ambiente. Num segundo momento, já em contato com a professora, disse que não conseguiria escrever seu nome, pintar ou calcular, por estar com os olhos vendados. Então, a docente apresentou outras possibilidades de aprendizagem, utilizando o ábaco, as formas geométricas, canudos, para demarcar limites, um alfabeto móvel, além de um jogo da memória auditivo.

Isso mostra que, não é o aluno que necessita adaptar-se à escola ou às atividades, mas a instituição deve se preparar para receber este aluno, esteja ele acometido de doença grave ou com alguma limitação. Na Casa de Apoio, as classes hospitalares seguem engajadas, para executar este serviço, proporcionando qualidade de vida, por meio do resgate da rotina e auto estima, gerando uma maior expectativa de vida e uma melhoria em seu tratamento.

Por Patrícia Marques de Barros Pedagoga – Casa Durval Paiva

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