Mulher e mãe de uma criança em tratamento de câncer

Muitos são os questionamentos de algumas mães, após o diagnóstico de câncer do filho, devido a brusca mudança na rotina das crianças e, também, delas, que os acompanham, desde o início do tratamento e a cada etapa vivenciam todo o processo de consultas, internações, intervenções cirúrgicas e pessoas, até então, desconhecidas. Tudo é novo, junto com as mães, em suas malas, são muitos os sentimentos que as acompanham, como: medo, incertezas, constantes mudanças de humor e ansiedade, que vem de forma avassaladora e interfere, significativamente, em todo o contexto de vida dela. 

Diante dessa realidade, tem chegado ao setor de terapia ocupacional, da Casa Durval Paiva, mães com necessidade de serem acolhidas e em busca de orientações, por estarem com receio do futuro. Muitas não conseguem lidar com estes sentimentos, que se misturam e parecem só aumentar.

Um caso específico aconteceu com a T.T.S, mãe do paciente E.L.N.S, que aproveitou a abordagem terapêutica, para relatar que está se sentindo angustiada, que tem se deixado ficar em segundo plano, abdicando de suas prioridades e necessidades. Diante disso, surge o sentimento de culpa e como este cenário atual tem trazido questões emocionais e até físicas, comprometendo o tratamento do filho, já que os relatos são de que, antes de iniciar as intervenções, possuía uma vida ativa e, no momento, está precisando se desdobrar com situações, que tem surgido no contexto familiar.

Entre elas, o fato de ter precisado se ausentar do trabalho, devido à dedicação que precisou a oferecer ao tratamento dele, além de lidar com a visível mudança no comportamento do filho, desde o início do tratamento. Estes fatores causam um misto de emoções, que têm trazido reflexões, por estarem interferindo diretamente na autoestima e autoconfiança, como esposa, mulher e até como mãe, por acreditar que poderia se doar muito mais e, assim, surgem sentimentos de confusão e insegurança.

Desta forma, o setor de terapia ocupacional, tem buscado oferecer um espaço de acolhimento e escuta qualificada, que podem acontecer de forma individual ou em grupo, oportunizando momentos de trocas, experiências e vivências, com o objetivo de minimizar sentimentos negativos e oferecer o suporte de que precisam. Com o aumento da autoestima, elas compreendem que é possível ser mãe e mulher, sem culpa, vibrando à cada nova evolução positiva, em relação ao tratamento dos filhos. Cada uma, na prática, vai poder agir de forma única e de acordo com sua vivência, onde não existem regras e buscando serem felizes com suas escolhas e com o equilíbrio das suas emoções.

Por Lady Kelly Farias da Silva - Terapeuta Ocupacional da Casa Durval Paiva - Crefito:14295-TO

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