Ansiedade infantojuvenil: como reconhecer e ajudar seu filho?

Quem disse que esperar é uma tarefa fácil? Ainda mais quando se é criança e adolescente e o mundo oferece possibilidades intermináveis. Inúmeras são as tentativas de buscar compreender um comportamento que está cada vez mais explícito e tão preocupante neste público que é a ansiedade. Antes o que era restrito aos adultos, atualmente, faz parte das rodas de conversas de pais, mães e até mesmo do contexto escolar. 

Segundo os especialistas, os motivos podem estar associados ao ritmo acelerado que os pais, professores e toda a sociedade está vivendo. Temos a impressão de que as crianças já chegam ao mundo repletas de informações, com estímulos por toda parte e com expectativas e cobranças muitas vezes inalcançáveis. O uso excessivo da internet tem contribuído para gerar essa ansiedade, devido a exposição a inúmeras telas e demasiadas informações, assim, as crianças e os adolescentes veem sofrendo com as mudanças na forma de se relacionar, ditadas pelas mídias digitais. Diante destes fatos, estamos nos relacionando com um público infantojuvenil cada vez mais nervoso, preocupado e imediatista, nas mais diversas áreas de sua vida, ou seja, nas atividades escolares, nas interações sociais, familiares, em relação a sua saúde, e isso vem acompanhado de grande sofrimento emocional.

Mas, como identificarmos se esta ansiedade está passando dos limites saudáveis e precisa de maior atenção ou até mesmo intervenção profissional? Para isto, é necessário considerar que os sintomas que não possuem causa orgânica devem ser avaliados com critério, pois podem expressar desconfortos emocionais que devem ser investigados. Os adultos precisam estar abertos a ouvi-los e buscar entendê-los. As crianças e adolescentes vão dando sinais de que tem algo que os incomoda e então, se faz necessário agir o quanto antes, buscando o profissional mais adequado e iniciando a intervenção no tempo hábil.

Na Casa Durval Paiva, tem surgido muitos casos de crianças em tratamento quimioterápico e que têm apresentado uma ansiedade generalizada, despertando um grande alerta pelas problemáticas que os sintomas acarretam na vida. Desta forma, o setor de terapia ocupacional tem sentido a necessidade de intervir também nestes casos clínicos, auxiliando a criança e o adolescente a selecionar atividades verdadeiramente significativas, priorizando e construindo uma rotina possível de ser executada e que de forma gradual, possa ir progredindo. O terapeuta atuará como um facilitador para que o paciente venha a se engajar em uma determinada atividade que seja significativa para sua vida. Durante o processo terapêutico ocupacional, o envolvimento na ocupação é objetivo central e novas habilidades podem ser descobertas e integradas durante o caminho, caso façam sentido para o paciente. O objetivo é ajuda-lo a regular o comportamento.

O terapeuta ocupacional contribuirá no estabelecimento dos limites; a construir a auto consciência; monitorar as reações emocionais, em decorrência das ocupações escolhidas; buscar estratégias para identificar o que é da doença e o que é da personalidade, a fim de mudar determinados comportamentos; buscar equilíbrio nas ocupações como: exercícios, o lazer e o ócio, além de propor condutas adaptativas para evitar recidivas, considerando a retomada das atividades executadas anteriormente e que agora precisarão ser priorizadas e estruturadas conforme as novas condições de saúde mental.

Para que se tenha êxito na terapia, é necessário a adesão ao tratamento, o comprometimento e a construção de uma rede de apoio. Desta forma, a participação da família se faz importante, visto o paciente precisar dar continuidade ao que foi estabelecido na terapia também no contexto de casa. Assim, existe um trabalho de orientação à família, para que a rotina continue sendo executada de acordo com as possibilidades, os progressos aconteçam gradualmente e os resultados positivos sejam visíveis no desenvolvimento escolar, vida social, momentos de lazer e esporte, possibilitando a redescoberta do prazer, do tempo, do saber viver o presente e a vida de uma forma mais consciente e equilibrada.

Por Lady Kelly Farias da Silva Terapeuta Ocupacional - Casa Durval Paiva Crefito:14295-TO

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