As barreiras de acesso ao ensino remoto na classe hospitalar

Em virtude da pandemia do Coronavírus (COVID-19), a educação tem buscado readequar-se ao novo cenário, se inserindo nessa realidade que desencadeou incertezas e inseguranças provocadas pelo isolamento social, para prevenir a disseminação do contágio pelo vírus. O contexto atual impôs a necessidade de suspensão das atividades presenciais nas escolas e mudanças nas práticas educacionais em todo o país.

Amparados por Decretos e Parecer Técnico Científico, o ensino público do Rio Grande do Norte não tem autorização para retomar de forma presencial as aulas no ano letivo de 2020, o que acarretou a implementação de um plano emergencial com atendimento educacional de forma remota, orientado pela Secretaria Estadual de Educação.

O setor educacional da Casa Durval Paiva para se adequar ao cenário atual da educação e minimizar os prejuízos na aprendizagem causados com a suspensão das aulas presenciais, nas Classes hospitalar/Domiciliar da instituição, organizou junto a equipe pedagógica um plano emergencial de retomada das atividades educacionais de forma remota.

As estratégias de acolhimento ao aluno/paciente, implementada inicialmente através da busca ativa, permitiu a equipe pedagógica envolvida (coordenação e professoras), identificar as barreiras que seriam enfrentadas.

Para atender crianças e adolescentes que estão em tratamento oncológico assistidos pela instituição e atendidos pela classe hospitalar, foi escolhido mediar o processo educacional pelo aplicativo WhatsApp, pois considerou-se ser a forma de alcançar o maior número de alunos/pacientes em atendimento individualizado, que hoje somam 48 alunos. 

O problema começa na acessibilidade dos alunos, alguns são de famílias carentes, no interior do Estado, não têm nem internet em casa nem aparelhos necessários para essa nova etapa, acessam dividindo um aparelho com vários irmãos e, segundo relatos, não tem sequer como colocar crédito no celular para receber as chamadas.

As professoras também relatam ainda a dificuldade dos alunos para acessar os aparelhos dos pais, seja porque estão fora de casa trabalhando, seja porque os celulares não têm recursos tecnológicos ou conectividade que suportem o recebimento e envio dos conteúdos pedagógicos.

É importante também ressaltar que alguns alunos/pacientes se recusam a receber o atendimento por vídeo chamada. Por causa das mudanças ocasionadas pelo tratamento oncológico, perdem o cabelo, ou até mesmo algum membro, e não se sentem confortáveis em ser vistos, buscando preservar sua identidade. 

Estas barreiras são os principais motivos para a ausência de retorno dos alunos quanto as tarefas e a ausência de incentivo e apoio das famílias ao ensino remoto. Diante desse contexto, a aprendizagem fica comprometida, não sendo possível mensurar os prejuízos educacionais que precisarão serem reparados no possível retorno às atividades presenciais. 

Por Sandra Fernandes da Costa Coordenadora Pedagógica – Casa Durval Paiva

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