Ansiedade em pacientes oncológicos

Mas afinal o que é ansiedade? diferente do que muitas pessoas pensam, a ansiedade não vem a ser só um transtorno, mas sim uma emoção, adapatativa ou desadaptativa, que pode ajudar ou atrapalhar o indivíduo. De acordo com a psicóloga Maria Angela Marchini Gorayeb, ansiedade é o resultado da soma das mudanças em nosso corpo com os pensamentos, que, por sua vez, levam a um sentimento que parece ser uma mistura de medo, mais vergonha, mais insegurança. Este processo, a reação fisiológica mais a reação cognitiva, é o que chamamos de ansiedade.

Quando estamos diante de uma situação que interpretamos como ameaçadora, temos a tendência a nos sentirmos ansiosos e com medo. Pode ser um medo/ameaça real ou imaginária. No contexto oncológico, essa ameaça é real quando o indivíduo recebe seu diagnóstico, porém, os medos e inseguranças vão mudando com o passar do tempo, ou seja, eles circundam o paciente antes, durante e pós tratamento. Este começa a pensar sobre várias outras possibilidades, na maioria delas, pensamentos distorcidos e negativos em relação ao momento de vida atual e sobre o futuro.

Os sentimentos de ansiedade começam desde o início do tratamento, na investigação do diagnóstico, quando o paciente se vê frente a possibilidade de estar ou não com câncer. Após a confirmação do diagnóstico, durante o tratamento, com as diversas mudanças físicas, sociais e emocionais e no período de remissão, com o medo de uma possível recidiva (reaparecimento da doença).

Diante desse cenário, a ansiedade como reação psicofisiológica é vista como normal e esperada, tendo em vista que o indivíduo está diante de muitas mudanças na vida. Contudo, uma intervenção multiprofissional se faz necessária, onde o psicólogo irá intermediar o passo-a-passo de tantas mudanças no contexto de vida desse indivíduo e seus familiares. Sendo eficaz e pertinente tanto para evitar que a ansiedade emocional de um medo real e adaptativa ao novo contexto não evolua para um transtorno de ansiedade, depressivo ou outros. Como também para uma boa resposta ao tratamento.

Observamos no contexto de trabalho da Casa Durval Paiva que o medo é nítido e presente de várias maneiras diferentes, tanto nos pacientes quanto em seus familiares, em especial nos que os acompanham. Medo de quase todas as mudanças, do que vai acontecer daquele momento em diante, do tratamento e até mesmo se ele será eficaz. 

Uma das intervenções utilizadas é a educativa. O câncer traz um estigma de sentença de morte muito forte, por isso, é preciso conhecer o paciente e seu contexto, entender o que ele sabe sobre o assunto e por onde ele descobriu. No campo da psicologia, um dos instrumentos utilizados é a psicoeducação, que consiste no ensino e conhecimentos psicológicos relevantes para o paciente e seu acompanhante.

A intervenção baseada em psicoeducação leva em consideração que, quanto mais informado está o paciente sobre sua condição de saúde, física, psicológica e emocional, mas ele poderá participar de forma atuante no processo, sentindo-se assim envolvido. Porém, vale ressaltar que toda e qualquer intervenção utilizada é individual em sua aplicabilidade, levando em consideração a individualidade de cada paciente e acompanhante.

Por Adelaide Alaís Alves Targino da Silva Psicóloga – CRP 17/4085

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