PSICOLOGIA E O CÂNCER INFANTO-JUVENIL - 2011

 

Quando falamos em câncer costumamos ainda ter sentimentos profundos de dor e angústia. Imagine quando a pessoa doente é uma criança. Como qualquer outra doença grave o risco de morte é muito presente, provocando inúmeros conflitos e inseguranças ao paciente, família e a sociedade em volta da criança. Apesar da perspectiva real de cura em muitos casos, a descoberta do câncer traz medo do sofrimento, da mutilação e a insegurança em relação ao futuro. A criança e sua família têm todos esses medos compartilhados e suas vidas e rotinas transformadas com a descoberta da doença.

Após o diagnóstico, o paciente passa por uma série de mudanças e vivencia sentimentos intensos: angustia e ansiedade diante do tratamento até então desconhecido; atitudes que indicam estresse, tais como ter que se submeter a exames invasivos como hemograma e punção lombar; diminuição da sociabilidade como conseqüência da rotina hospitalar, do afastamento familiar e das restrições alimentares ou de atividades físicas; e mudança na imagem corporal.

O câncer infantil transforma não só a vida desse pequeno, mas de toda a sua família e dos que estão a sua volta. Na rotina domestica, é notória uma inversão de papéis, incluindo aspectos financeiros e conjugais. Na família onde os pais trabalham geralmente a mãe sai do emprego para se dedicar ao longo e doloroso tratamento do filho; o pai agora além de seu emprego tem uma casa e os filhos saudáveis para cuidar; a mulher será mãe em tempo integral e não tanto esposa. E não podemos esquecer os irmãos da criança com câncer, pois eles têm também suas vidas abaladas e sofrem com a presença da doença.

Tendo em vista todas essas mudanças ocorridas, é fundamental a atuação do psicólogo junto ao paciente e a sua família desde a descoberta do diagnóstico como também durante e após o tratamento, a fim de proporcionar uma melhor compreensão desse momento vivido.

Nesse momento, é importante perceber que o trabalho de orientação e acolhimento aos pais é fundamental para a adesão ao tratamento e aceitação das intervenções. Além do mais, a reação dos pequenos em relação ao diagnóstico dependerá da reação de seus pais, pois são eles que vão transmitir ao filho todos os sentimentos provocados pela descoberta da doença. A criança, por sua vez, somente se depara com o câncer, no momento em que ela começa a sofrer os efeitos do tratamento, pois passa a ter sua vida limitada, não podendo realizar as atividades que costumava anteriormente.

Embora cada vez mais eficiente, o tratamento do câncer ainda não é eficaz em todos os casos, nem elimina a necessidade da criança estar submetida a situações estressantes, que envolvem dor e desconforto, incluindo a duração prolongada do tratamento, procedimentos invasivos, os riscos de recidiva da doença e os efeitos da quimioterapia e da radioterapia. Situações como estas podem se constituir em condições de risco ao desenvolvimento da criança. É importante observar que o desenvolvimento da criança mesmo quando ela está doente, continua acontecendo, sendo indicado que a rotina de vida da criança sofra um mínimo de modificações.

A criança em tratamento de câncer precisa ser estimulada a comer, brincar, aprender e fazer tudo que uma criança não doente faria. Psicólogos com experiência em atendimento a crianças com câncer podem orientar os pais a como proporcionar estas oportunidades a suas crianças.

Diante do exposto, fica claro que a psicologia tem um papel importante junto a pacientes e familiares neste momento de crise que é a descoberta do câncer, pois auxilia na busca de recursos mais eficientes para que a família possa adaptar-se à situação e lidar com ela da forma mais saudável possível. 

Por Juliana dos Santos Fernandes Barbalho

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