Um olhar sobre o acompanhamento à criança com câncer

O assistente social é um profissional liberal que está inserido na divisão social e técnica do trabalho, que tem como objeto de atuação as diversas expressões da questão social. Esta, expressa desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por disparidades nas relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização, que assume a cada dia novas expressões.

No nosso cotidiano profissional lidamos com as mais diversas expressões da questão social, a saber: situações de preconceito, exploração, violência, opressão, negação de direitos, dentre outras. Representando assim, nosso objeto de intervenção, bem como, desafios diários no fazer profissional.  É válido salientarmos que cada lugar de atuação nas mais diversas áreas tem suas especificidades.

Na Casa Durval Paiva nosso público alvo são crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas. Porém, no nosso cotidiano chegam diversas demandas, as quais representam desafios diários, bem como, possibilidades de garantia de direitos. Quando as famílias chegam para o primeiro atendimento, apreendemos algumas situações que ao longo do acompanhamento familiar tornam-se mais expressivas. A realidade das famílias que acompanham os pacientes oncológicos e hematológicos não é fácil, pois, além da busca pelo tratamento e a cura da doença, as famílias enfrentam situação de conflitos, negação de direitos, dificuldades financeiras, dentre outras, e diante de tais situações nossa principal função é a busca pela garantia desses direitos, para isso, realizamos encaminhamentos e articulação com outras políticas e serviços.

Nos casos onde apreendemos conflitos familiares, com fragilização dos vínculos, acionamos o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS para que possam acolher e realizar acompanhamento familiar, visando o fortalecimento de vínculos familiares, na busca pela superação da situação de risco. Nas situações de negação de direitos, como acesso aos medicamentos, benefícios sociais, gratuidade no transporte público, realizamos encaminhamentos para a Defensoria Pública, para a judicialização da situação a fim de saná-la. No que tange a algumas particularidades do tratamento, exames de alta complexidade, tai como: ressonância, tomografia, cintilografia, etc, são encaminhados para a Secretaria Estadual de Saúde – SESAP. Enquanto que os exames de baixa complexidade: raio X, ultrassonografia, ecocardiograma, são encaminhados para as secretarias municipais de saúde.

O trabalho de articulação com a rede de serviços é de extrema importância, para uma atenção integrada ao paciente e sua família, e essa é repleta de limites e possibilidades. Pois, a partir do momento que garantimos um direito estamos executando nosso fazer profissional, no âmbito das possibilidades. Porém, quando nos deparamos com os entraves advindos do contexto social, econômico e político, que fogem à nossa vontade, encaramos os limites profissionais, que são diversos. No entanto, são essas situações que nos encorajam e incentivam a continuar lutando.

 

REFERÊNCIAS:

 

IAMAMOTO, M. V. A questão social no capitalismo. Revista Temporalis – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2. Nº 3 (jan/jul.2001). Brasília: ABEPSS, Grafline, 2001

Keillha Israely

Assistente social – Casa Durval Paiva

CRESS/RN 3592

Por Keillha Israely

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