A música (re)significando vidas

              Quem canta seus males espanta! Não há ditado popular mais sábio e válido para contextualizar o trabalho musical desenvolvido com as mães de crianças e adolescentes em tratamento oncológico e hematológico na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva.

              Os males trazidos pela doença para aquele que representa a própria vida, como são os filhos para as mães, trazem consigo uma mudança sem precedentes na rotina e na vida de cada uma dessas mulheres. Quando tratamos especificamente de mulheres, de mães, estamos nos referindo aquelas que representam a força de quem está do início ao fim do tratamento acompanhando seus filhos nessa batalha a favor da vida. Mulheres de diversos lugares, de diversos contextos familiares, mulheres que deixam seus lares, que acompanham de longe a vida dos demais filhos passar, que perdem o posto de esposa, mas tudo por uma causa e um bem maior que o próprio ser. Mulheres que abriram mão da própria vida, para se doar integralmente ao outro, integralmente ao seu filho.

              Elas que precisam ser a todo custo a fonte de força para seus pequenos, mesmo quando não há de onde retirar, sorrir enquanto os veem chorar, trazer esperança no olhar, no falar; que são impedidas de fraquejar perante aquela dor que as consome de uma forma que só quem a vivencia pode explicar.

              Então, como cuidar de quem cuida? Como trazer um sopro de vida e de esperança para essas mulheres que “adoecem” junto aos seus filhos? Como tornar seus dias menos doloridos? Como possibilitar que elas se expressem e interajam? Como fazê-las ser além da “mãezinha”? Ser a Maria, Antônia, Vera, Joana, Eliane, Célia, Íris, Aparecida, Ione, Lidiane, Iolanda, Katiane? Cada família, um mundo, mas com uma marca que as assemelham.

              Por compreender que a música marca as pessoas das mais diversas formas e que se caracteriza como uma linguagem que chega aos diversos povos, independentemente da compreensão linguística, busca-se através dela cuidar também dessas mulheres e oferecer oportunidade de novos conhecimentos através de uma prática terapeutizante.

Na perspectiva de melhorar a qualidade de vida enquanto as crianças/adolescentes estão em tratamento, à Instituição desenvolveu o projeto Coral Bem Viver. Suas atividades foram iniciadas no ano de 2006, sendo uma ação direcionada às mães/acompanhantes, através da realização de oficinas de música (canto/coral). Levando em consideração a sua importância na área cultural, e também como prática terapêutica alternativa, com vistas à melhoria da qualidade de vida e da formação no campo da música brasileira com sua multiplicidade, amplia-se o horizonte de possibilidades de aprendizagem de todos os sujeitos envolvidos.

Pelo exposto, acredita-se que a música (canto/coral) é um recurso metodológico facilitador, pois através da cultura, em todos os seus aspectos, artísticos ou outros, tanto de criação, quanto de admiração e divulgação, tem como resultado fortalecer a identidade pessoal e social do indivíduo. Integrando-o em sua família e em sua comunidade, fornecendo-lhe, através do bem estar mental e social um maior conhecimento de mundo. Assim, a música se caracteriza como eixo de expressão, integração e transformação, sendo impulsionadora para (re)significação da vida dessas mulheres. 

Gabriella Pereira do Nascimento - Coordenadora Pedagógica

REFERÊNCIA:

GALDINO, Viviane Terezinha. A música como ferramenta pedagógica no processo de aprendizagem. Revista Eventos Pedagógicos Articulação universidade e escola nas ações do ensino de matemática e ciências v.6, n.2 (15. ed.), número regular, p. 258-267, jun./jul. 2015.

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