A ATUAÇÃO FISIOTERÁPICA JUNTO AO PACIENTE ONCOLÓGICO PEDIÁTRICO - 2011

 

Durante muito tempo o câncer infantil foi considerado como uma doença aguda e de evolução fatal, em virtude disso, a grande preocupação da equipe médica era a sobrevivência dos pacientes. Hoje esta maneira de pensar mudou e o foco passou a ser também a qualidade de vida que o paciente terá durante e após o seu tratamento.

Atualmente, a oncologia pediátrica pode ser reconhecida como uma enfermidade crônica e com perspectiva de cura em grande número de casos, com isso, a fisioterapia oncológica vem conquistando cada vez mais espaço, tendo em vista a sua importante ação na preservação, manutenção, desenvolvimento e restauração da integridade física dos pacientes.

O paciente com câncer é um paciente diferenciado, pois além de estar debilitado pela doença em si, os tratamentos oncológicos adotados podem ocasionar seqüelas temporárias ou definitivas, onde é papel da fisioterapia atuar de forma a minimizá-las ou erradicá-las.

Muitos profissionais da área questionam se existem diferenças em tratar um paciente oncológico dos demais. Na verdade não há diferença no tratamento em si, pois as técnicas e recursos utilizados são os mesmos, o que muda é a percepção do estado geral do paciente, visto que, um paciente oncológico apresenta particularidades inerentes ao tipo de tratamento ao qual é submetido, devendo então o fisioterapeuta ter bom senso na forma como seleciona e utiliza essas técnicas e recursos.

Exemplos claros desses fatores condicionantes do tratamento são: o estado emocional da criança, os efeitos da cirurgia, quimio e/ou radioterapia (que poderão deixar sequelas sensitivas, motoras, vasculares ou respiratórias importantes, além de ocasionar edemas, disfunções ventilatórias, fibrose, levando à restrição de movimentos etc.), a presença de metástases e a dor oncológica. Todas essas conseqüências são minimizadas com a intervenção precoce de um programa fisioterápico específico.

Além disso, o atendimento ao paciente pediátrico apresenta características próprias quanto ao seu tamanho, maturidade física e intelectual. Essas peculiaridades podem criar dificuldades terapêuticas, requerendo muitas vezes adaptações das técnicas para atingir os objetivos propostos.

A fisioterapia se faz presente nas diferentes fases de intervenção do tratamento oncológico: no pré-operatório seu principal objetivo é o preparo para o procedimento cirúrgico e redução de complicações. Durante o período de internação, a fisioterapia atua prevenindo, minimizando e tratando as complicações respiratórias, motoras e circulatórias provenientes do posicionamento prolongado no leito. Por fim, existe a assistência ambulatorial, que deve ser prestada de forma contínua e enquanto o paciente dela necessitar.

A intervenção fisioterápica deverá ser feita até mesmo nos casos onde o paciente se encontra fora de possibilidade terapêutica de cura, uma vez que atua significativamente no alívio da dor e na manutenção da capacidade física para realização de atividades diárias simples.

Diante do exposto, conclui-se que o sucesso da terapia dependerá do bom senso do profissional e principalmente do seu conhecimento em relação às características e evolução da doença. Além disso, se faz importante compreender que, diferentemente da medicina, a intervenção fisioterápica não pode ser medida pelo índice de sobrevivência ou pelo desaparecimento dos sintomas, mas sim, pelo grau de independência funcional alcançado pelo paciente. 

Por Roberta Carvalho da Rocha

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