LIDANDO COM O PRECONCEITO AO CÂNCER INFANTO JUVENIL - 2011

 

O câncer infanto juvenil continua sendo uma doença estigmatizada e carregada de preconceitos. Normalmente, é construído numa representação negativa, de modo que persiste a idéia de que é uma doença terminal e não uma doença crônica. Na verdade, hoje já é possível a cura sem seqüelas, desde que esse câncer seja diagnosticado precocemente.

Na vivência do setor de assistência social da Casa Durval Paiva podemos constatar que ainda existem muitos medos existentes baseados em mitos culturais e conceitos errôneos, que induzem sentimentos negativos e elevam ainda mais o nível de tensão emocional das famílias. Algumas pessoas até evitam pronunciar a palavra câncer dizendo “aquela doença” ou “aquilo”. Infelizmente comportamentos como esse somente contribuem para aumentar a desinformação a respeito da doença e a estigmatizar o paciente com câncer, tratando-o como alguém que deve ser escondido ou isolado.

Observamos desde o primeiro atendimento o desconhecimento em relação a doença. Amigos e familiares, muitas vezes se afastam do paciente, ou o tratam de maneira diferente do usual, prejudicando não somente seu estado emocional e psicológico, mas também o estado físico. Esclarecemos, no entanto, que o câncer não é uma doença contagiosa.

Percebemos ainda no desenrolar do tratamento que os pacientes reagem de maneira diferente ao câncer, e às conseqüências acometidas por este tratamento. Porém, todos eles vinculam tristezas, ansiedades e até mesmo, algum grau de depressão quando o câncer se torna parte de sua vida. No entanto, à medida que recebem e compreendem as informações sobre o diagnóstico e as opções de tratamento, seus temores e preocupações vão diminuindo e, gradualmente, desenvolvem mecanismos para enfrentar e se ajustar a esse diagnóstico.

 A Casa Durval Paiva juntamente com sua equipe multidisciplinar acompanha o paciente para que o tratamento seja mais humanizado, até porque esse paciente pode ser estimulado em sua capacidade e criatividade. A auto estima é também fator importante e tem sido cada dia mais prioritário nesse acompanhamento.

 O envolvimento da família também se faz necessário em todo o momento da trajetória da doença e a continuidade dos cuidados em domicílio. Há uma reciprocidade de sofrimento, sinalizando que não somente o paciente, mas todos precisam receber atenção e suporte dessa equipe multidisciplinar. Isso ressalta a importância de se obter dados que permitem conhecer o ambiente familiar, e interferir no processo de adaptação às situações no contexto da doença.

Dessa forma, é importante a conscientização da sociedade quanto ao sinais, sintomas e formas de tratamento do câncer infanto juvenil, através de ações que socializem o conhecimento e desmistifiquem esses mitos e tabus. Ações muitas vezes simples, como um aperto de mão, ou um abraço, mas que poderão ajudar o paciente e seus familiares a vencerem toda essa trajetória.

Por Telma Maria Gomes da Silva

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