Cuidados com a saúde bucal durante o tratamento quimioterápico

 

 

Juliana Lemos

Dentista - Casa Durval Paiva

CRO/RN 4378

 

            O tratamento contra o câncer é causador de morbidades em várias áreas do corpo, próximas ou distantes do local da lesão principal. No sistema estomatognático, que abrange boca, esôfago e trato respiratório, não é diferente.

Os cuidados relacionados à saúde bucal no paciente submetido ao tratamento contra o câncer devem iniciar antes do tratamento oncológico, a fim de sanar possíveis problemas dentários e minimizar as consequências que a quimioterapia causa à mucosa da boca.

O planejamento do tratamento odontológico deve priorizar a prevenção e estímulo à higienização oral, reforçando o uso do fio dental, da escovação noturna e entre as refeições. O exame clínico tem o objetivo de identificar as fontes de retenção de restos de alimentos e focos de infecção, tais como: elementos com cárie profunda, restauração com falhas, aparelhos ortodônticos, dentre outros. Caso o paciente esteja em tratamento ortodôntico, o aparelho deve ser retirado e o tratamento só pode ser reiniciado após dois anos da remissão da doença.

Alguns pacientes apresentam dificuldade de deglutição e mastigação durante o tratamento quimioterápico, priorizando alimentação líquida e pastosa. Portanto, em relação à dieta, deve-se orientar sobre o consumo consciente de alimentos com alto potencial de iniciar cárie dentária, como açúcares, leites, sucos adoçados, biscoitos, pães e doces, sempre estimulando a higienização após as refeições.

É comum ouvir relatos de pacientes sobre sentir a boca ressecada e alteração no paladar durante o tratamento do câncer. Esse fator é uma consequência comum decorrente de alguns tipos de medicação quimioterápica. O cirurgião-dentista deve estar atento a essas queixas e pode prescrever uma saliva artificial para uso enquanto os sinais e sintomas persistirem. Existem no mercado, também, hidratantes labiais e orais, específicos para pacientes oncológicos, que também podem ser sugeridos para melhorar o conforto do paciente.

Outra alteração bastante incômoda e presente em grande parte dos pacientes é a mucosite oral. A mucosite pode ter início nas primeiras semanas de tratamento e, dependendo do protocolo terapêutico, persistir ao longo de todo o tratamento, causando intenso desconforto, dor e dificuldade de se alimentar. O tratamento para a mucosite ainda é paliativo, na tentativa de acelerar a remissão das úlceras e aliviar os sintomas. Podemos orientar o uso de bochechos específicos, prescrever agentes anti-inflamatórios, realizar laserterapia de baixa intensidade e fornecer orientações sobre dieta e hidratação.

Na Casa Durval Paiva, os cuidados com os pacientes oncológicos iniciam, quando possível, antes do tratamento de quimioterapia. O paciente tem acesso ao serviço odontológico ambulatorial, onde é feito o tratamento curativo e preventivo e também ao atendimento hospitalar, com acompanhamento odontológico e laserterapia, evitando, dessa forma, complicações mais severas decorrentes do tratamento oncológico.

Por Juliana Lemos

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