Artes Visuais: um despertar para criatividade dos pacientes com câncer

             As artes visuais adentram as classes hospitalar e domiciliar, reconhecendo-as como um espaço propício ao desenvolvimento de trabalhos relacionados à criatividade, que despertam o interesse e a participação efetiva dos alunos em tratamento oncológico.

            Ao adoecer, crianças e adolescentes passam por uma série de adaptações. A doença acaba limitando e privando os pacientes de acessar determinados espaços. Mudanças simples na rotina diária interferem diretamente na autoestima deles e os deixam ansiosos e angustiados. A fim de minimizar sentimentos negativos, buscam-se estratégias que contribuam no desempenho emocional através do registro artístico individual.

          De acordo com Celso Antunes, autor do livro Arte e Didática (2010), tentar fazer uma obra de arte é gostoso, nos distrai e é interessante, mas buscar em nossas tímidas iniciativas os limites "do que temos a aprender" nos faz uma pessoa diferente do que éramos. Isso vale para esboço de um desenho, para o cuidado com que se ouve uma música, etc. O ensino de artes não se destaca acima das outras disciplinas, mas se iguala a elas. A arte favorece a percepção de semelhanças e diferenças entre as culturas, tempo e espaço, assunto que constantemente é abordado em sala de aula. Tais características se configuram como um conhecimento extremamente importante na formação escolar do aluno.

          Na Casa Durval Paiva, é desenvolvido um trabalho voltado para artes visuais através da oficina de desenho ministrada pelo artista e voluntário Ricardo Tinoco, a atividade acontece semanalmente dentro da rotina de atividades na classe domiciliar da Casa de Apoio ou no Ateliê do artista, onde os pacientes tem contato com técnicas de desenho e se descobrem dentro das suas criações artísticas. Anualmente, as produções dos alunos ficam expostas na Mostra Pedagógica da Instituição.

          Além disso, ainda contemplando as artes visuais, é desenvolvido o “Recanto Cultural”, onde uma vez por mês um artista local é convidado para trabalhar com as crianças e adolescentes, diferentes técnicas de pintura artística. Diante das atividades oferecidas, percebe-se que introduzir o ensino de artes visuais no contexto de atendimento educacional hospitalar, com tamanhas especificidades, é desafiador, pois esse ambiente exige uma postura sensível, onde se faz necessário a flexibilização de metodologias, para que o aluno venha a participar de todas as atividades com efetividade.

            Mesmo em meio aos desafios, constata-se que o processo de aprendizagem com pacientes em tratamento oncológico – além de transmitir e construir o saber sistematizado – assume um sentido terapêutico ao despertar no educando uma nova consciência do eu individual. Determinadas atividades evidenciam que cada estudante carrega dentro de si um universo particular oculto, podendo ser revelado de acordo com as experiências possibilitadas pelo professor, que deve estar sensível às necessidades do aluno para proporcionar-lhe experiências significativas. 

Por Sandra Fernandes da Costa - Coordenadora Pedagógica

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