O PAPEL DO ENFERMEIRO NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTO-JUVENIL - 2011

 

Embora esse ano de 2010, contemplado pela Organização das Nações Unidas (ONU), é Ano Internacional da Enfermagem, percebo a dura constatação na prática cotidiana que o enfermeiro desconhece seu papel no processo de trabalho de enfermagem em oncologia pediátrica, e conseqüentemente a sociedade. O enfermeiro tem como objeto de trabalho, o CUIDAR. O saber é seu instrumento adquirido através de qualificação específica em diferentes níveis de formação (graduação e pós-graduação). Na equipe de enfermagem, em que também são contemplados os profissionais de nível médio (técnicos e auxiliares de enfermagem) o enfermeiro é o sujeito que possui maior qualificação, portanto assumindo atividades mais complexas.

Considerado como procedimento de alta complexidade, o principal tratamento utilizado na oncologia pediátrica é administração de quimioterapia antineoplásica, que requer cuidados específicos. Nesse sentido o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), determina em sua resolução nº 210 de 1998 dentre outras competências que a administração de quimioterápicos é atividade privativa do enfermeiro. O Código de Ética da categoria afirma que é proibido ao enfermeiro “delegar suas atividades privativas a outro membro da equipe de enfermagem ou de saúde, que não seja o enfermeiro.” (COFEN, 2007)

Diante da conscientização da sua função o enfermeiro sistematiza a assistência de enfermagem com objetivo de aplicar seus conhecimentos técnico-científicos, caracterizando sua prática profissional. Na assistência hospitalar, citando algumas competências, o enfermeiro apraza horários de medicações, administra os quimioterápicos, realiza procedimentos técnicos como punção de cateter venoso central totalmente implantado (procedimento também privativo do enfermeiro). Avalia através de exame físico, sinais e sintomas importantes como dor e complicações em conseqüência do tratamento, procurando obedecer a características próprias do crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente e elabora sua assistência.

Através da minha prática como enfermeira em treze anos dedicados ao cuidado à criança e adolescente com câncer me causou inquietação a constatação de que o início do tratamento ainda é tardio. Surgiu o interesse de apreender o caminhar da equipe multiprofissional na atenção primária a saúde e participar ativamente de ações com objetivo de na condição de parceria, já que minha experiência é na assistência hospitalar, identificar o mais rápido possível, sinais e sintomas de câncer na criança e no adolescente.

Daí o questionamento: qual a atividade do profissional enfermeiro na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva? participo ativamente de ações educativas, como círculos de conversa com outros profissionais da instituição, promovendo o intercâmbio de informações multiprofissionais; elaboro palestras com linguagem acessível para acompanhantes das crianças e adolescentes albergadas na casa de apoio, em que oriento quanto aos cuidados com higiene, administração de medicamentos e acidentes domésticos; compartilho junto com equipe multidisciplinar, da elaboração e execução de projetos ligados ao Diagnóstico Precoce do Câncer Infanto-juvenil e finalmente contribuo para a pesquisa, colaborando com a produção científica na Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, tendo como temática de estudo a identificação precoce de sinais e sintomas de câncer infanto-juvenil.

Acredito que ações que promovem o diagnóstico precoce de câncer infanto-juvenil não necessitam de alto investimento financeiro, porém ocasionam impacto considerável em redução de custos na média e alta complexidade, diminuindo índices de morbimortalidade e melhoria da qualidade de vida.

Finalizo com um convite à reflexão crítica sobre o papel do enfermeiro e a oportunidade de multiplicar saberes quanto ao controle do câncer infanto-juvenil.  Considera-se que o processo ensinar-aprender seja fundamental para os enfermeiros, visto que, a educação é o caminho para uma prática profissional responsável, de qualidade, com compromisso ético e social. 

Por Maria Coeli Cardoso Viana Azevedo

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