Diagnóstico oncológico: o que e como comunicar ao paciente infantojuvenil

 

 

Hildegard Monyk Rocha 

Psicóloga - Casa Durval Paiva 

CRP 17-2879

 

Uma das grandes dúvidas apresentadas pelos responsáveis quando recebe um diagnóstico de câncer de uma criança é se deve, ou não, contar a ela o que está havendo, duvidando, por vezes, da capacidade da criança em compreender aquilo que está prestes a ser modificado em sua vida. Isso é fato, muito será modificado: introdução de uma rotina hospitalar, exames, procedimentos invasivos, limites em virtude da baixa imunidade, efeitos colaterais, a retirada da criança de seus ambientes sociais, entre outras. E como permitir que a criança entre nessa nova configuração de vida sem que nada lhe seja dito? 

Sabemos que o diagnóstico de uma doença, como o câncer, não é nada fácil para os adultos. Quando se trata de câncer infantil, é muito mais delicado. Ao se confirmar o diagnóstico da doença, é normal que os pais se sintam confusos, ansiosos, desorientados, com a cabeça cheia de incertezas, medos e angústias. 

É preciso que os familiares, os responsáveis e conseguinte cuidadores principais - Aquelas pessoas que se prontificam ou são escolhidas/nomeadas para estar à frente dos cuidados e diligências do tratamento, encontrem um modo saudável de lidar com a nova noticia e se mantenham seguros e calmos para conseguir dar força e explicação para as crianças sobre o que acontece neste momento complicado. Ocasião na qual elas já têm muitas dúvidas porque percebem que algo não está certo, já que estão indo mais ao médico e, em algumas vezes, até saindo da cidade em busca de respostas.

Ademais, se elas não sabem do que se trata, só poderão contar com a sua própria imaginação para tentar explicar o que está acontecendo. E assim, as fantasias podem ser ainda piores do que a realidade não dita com cuidado, podendo ainda ocorrer de a criança saber dos fatos por outras pessoas e ouvir uma versão distorcida da realidade. 

Não dizer nada por querer proteger pode até ser bem-intencionado, mas é enganoso. Quando a família conta a verdade, a criança tem a chance de fazer perguntas, de receber conforto quando sentir medo e assim, esses e outros sentimentos que são inatos e, portanto, comuns a todas as faixas etárias, podem ser compartilhados.

Nesse sentido, no setor de psicologia da Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva, no processo de acolhimento dessa nova família, que chega e traz consigo na bagagem o diagnostico oncológico de seu filho, além da oferta de suporte de apoio emocional e espaço para elaboração da nova vivência, é realizada uma etapa de orientação e educação de como se posicionar frente a essa demanda, sobre o que, e como falar a criança e ao adolescente sobre seu diagnostico oncológico.

Sendo assim, temos como conduta a orientação de que a notícia deva ser dada por uma pessoa próxima e de confiança da criança. Deve-se contar o que se sabe em uma linguagem que a criança possa entender. É preciso deixar um canal de comunicação aberto para que as dúvidas que surgirão possam ser sanadas. 

Orienta-se também que aceite os sentimentos da criança dizendo que é normal chorar, sentir tristeza, raiva e medo. Isso dará a ela a oportunidade de extravasar seus sentimentos, pois assim, se estará agindo com respeito aos sentimentos e as opiniões da criança, isso a incentiva a falar sobre o que está pensando e sentindo.

E, por fim, orientamos que, na medida do possível, se tente fazer com que a vida da criança transcorra normalmente. Mediante verificação com a equipe médica, se cheque o que se pode manter de suas atividades sociais e escolares, ajudando a criança a entender que, apesar das adversidades, a vida dela continua, sem culpa.  

Por Hildegard Monyk Rocha – Psicóloga CRP 17-2879

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