Tratamento odontológico e o distúrbio hemorrágico

A Odontologia vem com o passar do tempo buscando uma visão de tratamento mais ampla do paciente. O odontopediatra no atendimento a bebês, crianças e adolescentes, tem uma grande responsabilidade como membro de uma equipe multidisciplinar de saúde, no que se refere à maior investigação durante o exame clínico, atuando como um importante elemento para o correto diagnóstico e plano de tratamento para um determinado caso.

Sabe-se que, havendo a suspeita ou confirmação de um distúrbio hemorrágico, é necessária a avaliação e controle terapêutico do médico hematologista, para a adequada condução do tratamento. Portanto, é importante para o cirurgião-dentista, em especial no atendimento infantil, o conhecimento destas patologias e suas possibilidades no exercício da odontologia.

Nos dias atuais, a filosofia preventiva representa a base de todo o plano de tratamento odontológico. E isto não se altera em pacientes com doenças hemorrágicas; ao contrário, dá-se maior ênfase às medidas de prevenção para os problemas buco-dentais, destacando-se que nessas crianças existe a possibilidade de uma alteração de microrganismos na cavidade oral, um dos fatores associados ao maior risco para cárie ou doença periodontal.

Quando se verifica a necessidade de tratamentos em dentística (restaurações), endodontia (canais) e prótese (reabilitação), os mesmos podem ser considerados empregando-se cuidados na proteção dos tecidos moles, risco de sangramento e infecções, evitando-se a anestesia troncular ou regional. A maior parte do controle dos problemas periodontais permite a atuação com o uso de antifibrinolíticos locais; já as intervenções cirúrgicas, nesta especialidade ou em outras, como as extrações dentárias, envolvem um correto preparo hematológico do paciente e controle do mesmo. Os maiores problemas são observados nos sangramentos tardios, em um período médio de três a dez dias.

Verificam-se, como aspectos clínicos, sangramento na pele e mucosas, quando os níveis plaquetários são insuficientes para suportar seu equilíbrio. Têm-se, como características gerais, petéquias (pequenos pontos vermelhos), equimoses (manchas causadas por extravasamento de sangue) e hemorragia gengival. Nas manifestações bucais a hemorragia gengival é abundante, as petéquias são variadas e muito pequenas e as equimoses aparecem, principalmente, no palato (céu da boca).

A odontologia para crianças com distúrbios hemorrágicos deve seguir uma filosofia preventiva. De uma forma geral, pode ser realizado um plano de tratamento semelhante ao de qualquer outro paciente, se considerados alguns aspectos especiais. 

Por Eloisa Alexsandra Lopes - Dentista - CRO/RN 3663

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